quarta-feira, 13 de maio de 2009

Você é um preconceituoso social?

Num desses retornos do almoço eu reparei que muitos dos que entravam no elevador sequer reparam na existência de uma faxineira que limpava o espelho. Tudo bem que ela era bem baixinha, devia ter seus um metro e cinqüenta, o tamanho da fita métrica de costura da minha mãe. Mas a estatura dela não seria motivo para tamanha rejeição.

Já fizeram pesquisas estudando o que eles chamam de invisibilidade social. Eles comprovaram que, em situações rotineiras, grande parte da população é cega.
A grosso modo, poucas pessoas notam aquelas que estão em um nível social abaixo delas. Na verdade, níveis sociais que cada uma estabelece de acordo com seus padrões de vida.

Essas pessoas que estão abaixo de você não merecem um segundo de sua atenção. Elas são inferiores. Não existem.

Sem dúvida a maioria dessas pessoas não pensa assim. Ou pensam que não pensam assim.
Isso acontece assim, de uma hora pra outra. Sem querer, você vira um preconceituoso social.

Se todo mundo deixasse de reparar em você, você não existiria.

Ainda penso que olhar no olho ainda é a solução pra muita coisas, principalmente nessa cidade aqui.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

COROA NA FILA DO SUPER

Eu nunca imaginei que poderia encontrar a mulher da minha vida em um dia comum, dentro de um supermercado. E eu nem devia estar lá naquela hora, completamente fora da minha rotina. Certeza, era o destino.

Vamos começar do começo.

Voltando do almoço para a agência na companhia do grande Baiano, diretor de arte da agência, eu já estava saindo do elevador quando me lembrei que havia prometido a Mônica(ou THE MÔNICA) que eu compraria uns chiclets.

Quando a porta abriu eu me toquei nisso e fiquei parado, pensando. O Baiano ficou todo estressado porque eu havia empacado na saída do elevador. Mas vai tentar explicar tudo no intervalo de abertura de um elevador! O bixo saiu esbravejando, resmungando alguma porra – Baiano mais fala PORRA que Oxente, caros Mamonas.

Ok. Desci e fui ao supermercado que tem ali do lado.

Quando eu passo pela faixa, eu tenho que passar pela entrada da garagem para chegar até a porta. Passei pela faixa e um carro importado, de tiozão, reduziu e esperou que eu passasse.

Vou até mudar de parágrafo porque isso merece destaque e dois pontos:

A MULHER MAIS LINDA QUE EU JÁ VI EM TODA A MINHA VIDA.

Só tem um pequeno detalhe, a idade. Ela devia ter seus cinqüenta e eu nos meus réles vinte e quatro anos.

Quando passei pelo carro, meio embasbacado ainda, ela abriu um sorriso discreto e fez um sinal com a mão de quem está dando passagem.

Retribui o sorriso e agradeci com uma abaixada de cabeça.

Lá dentro, procurando os benditos chiclets de hortelã, percebi que ela estava na seção de frente. Toda elegante e, para minha surpresa, esbanjando um corpo magnífico de causar inveja em muita garotinha de vinte.

Nessas horas não se pode demonstrar muito interesse. Fingi que ela nem era aquilo tudo, peguei qualquer chiclete e passei por ela como quem transita em um shopping. E foi aí que ela me quebrou com um olhar que conseguia misturar uma meiguice e uma malícia indescritível.


Estava lá eu, procurando um caixa para pagar três chicletes. Todos lotados, principalmente o caixa rápido. Para a minha sorte, quando eu passava o caixa de idosos e gestantes havia uma moça se preparando para abrir o caixa.

Ela olha para mim e me diz que eu posso passar minhas mercadorias ali, sem maiores problemas.
Dei o primeiro passo em direção ao guichê e parei. Eu tinha que dar um jeito de conversar com aquela coroa.

A moça do caixa, outra pessoa que estranhou essa minha mania de parar pra pensar no que eu devo fazer.

Mas o problema foi que só quando cheguei ao guichê a ficha caiu.

Comecei a me virar para sair procurando a minha musa e dou de cara com quem?
Logo atrás de mim na fila para pagar. Ela.

Carái véi!

O que eu poderia fazer?

Se eu pedisse que ela passasse suas compras na minha frente, na tentativa de ser cavalheiro, ela poderia ficar ofendida. Estaria classificando como velha ou como gestante.
Se simplesmente ignorasse, seria rude. Afinal, nós já tínhamos toda uma história... hehe!

E aí, o que você faria numa situação dessas?

Deixe sua opinião registrada aqui. No próximo post eu conto o resto da história.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Foto 3X4

Com 10 anos, o despertar sexual.

Você sabe que todos os garotos querem aquela gostosa da rua.

Quatorze, magrinha, com seios já apresentando o lindo desabrochar da puberdade que torneava as pernas e condecorava aquele belo bumbum. O melhor é que os caras haviam me falado que ela já transava!

Nossa, eu achei aquilo demais!

Como era madura, linda... A mulher da minha vida.

Viu como criança supera rápido? Só havia um ano e pouco que a outra mulher da minha vida havia se mostrado uma bela vaca e eu já estava lá pensando em outra. Tudo era bem mais simples nessa época.

Quanto mais a gente fica velho, mais pensamos que a cada erro devemos nos submeter ao sofrimento como uma forma de ritual após o aprendizado. Mas creio que deveríamos fazer o oposto. Teríamos que sofrer cada vez menos, para aprender com os erros e superar os traumas em pouco tempo. Até porque, quanto mais o tempo se passa, mais devemos aproveitar o que resta dele..

E se simplesmente deixássemos a auto-piedade de lado, aprendêssemos com os erros e seguíssemos em frente sem sofrimento? É possível. E pra falar a verdade, muito mais saudável e prazeroso, apresar da frieza que esse ato exige.

Mas voltando à Camila, minha paixão por ela era algo menos infantil. Já havia aquele desejo carnal, mas nada que superasse o desejo de tê-la comigo, com afeto recíproco. Era tudo o que eu queria.

A irmã dela, a Thaís, era da minha idade e, como minha amiga, tinha que me dar uma força. Criou-se um vínculo imaginário onde eu deixava de ser só mais um amiguinho e passava a ser o amigo que gostava da irmã dela.

Me lembro até hoje quando a Thaís apareceu aqui em casa dizendo que tinha um presente pra mim. Eu fiquei doido pra saber o que era, pois, sem dúvida era algo relacionado à Camila.

Ela fez um draminha pra entregar só pra me deixar doido de curiosidade, mas depois ela ficou mais séria e estendeu a mão fechada dando indícios de que o “presente” estava ali. Naqueles milésimos de segundos eu consegui pensar em milhões de possibilidades. Até que ela finalmente abriu a mão e eu vi.

Era o melhor presente que alguém podia ter me dado: uma foto 3X4 da Camila!

Tornou-se um ritual beijar a foto todo dia antes de ir pro colégio. Toda vez que ela passava pela rua eu a cumprimentava e, assim que ela estava de costas, eu olhava pra foto e suspirava. Sentia aquele frio na barriga, falta de ar, ficava exaltado e bobalhão.

Certa vez o pessoal da rua se reuniu lá em casa para jogar “verdade ou conseqüência” (ou algum outro jogo parecido) e, chegou um momento em que alguém disse que a Camila teria que me beijar.

Minha barriga gelou e eu fiquei completamente sem reação.

Ela me puxou pela mão e me arrastou pro banheiro, fazendo gracinha com o carinha que ela pegava de vez em quando na época.

Como eu saquei que ela estava só de brincadeira, nem criei muitas expectativas.

Quando estávamos trancados no banheiro, ela vira em direção à porta e começa a fazer barulhos e fingir que estava dando uns amassos.

Me olhei naquela situação e fiquei puto comigo mesmo. Não mais passaria por qualquer outra situação humilhante parecida.

Depois daquele teatrinho eu passei a vê-la com menos encanto, até que um dia, o que eu pensava sentir simplesmente havia sumido.

Essa é uma grande vantagem das crianças... Quando elas esquecem, parece que nunca aconteceu. Não guardam mágoas tolas.

É difícil acreditar que isso tudo um dia parecia importante.

terça-feira, 1 de julho de 2008

A primeira paixão ninguém esquece...

Há pouco tempo eu descobri uma nova paixão, e essa última me fez lembrar das primeiras. Assim, eu percebi que elas têm algo em comum.

Minha primeira paixão - sem ser platônica como era pela Malu Mader ou pelo belo par de pernas da Daniela Mercury - foi uma garota da rua de trás...

Loira, olhos claros, a típica garota dos sonhos de qualquer garotinho. Só que ainda tinha um “porém”, ela era quatro anos mais velha e me dava atenção!
Sabe o que é isso pra um garoto de oito anos? Eu digo que é muito significante.

Lembro quando passei uma semana inteira tomando coragem para convidá-la a patinar comigo pelo condomínio. Ia pra escola pensando nas possíveis reações dela e já pensava em como seria a minha...

*Bem, eu poderia chamar de TREAÇÃO, porque a ação causa uma reação, e já que eu não sei o nome que é usado pra denominar a ação gerada pela Reação, vai esse termo mesmo.*

É óbvio que eu tinha que preparar as minhas treações, ela era mais velha! Ah... Ela tinha doze!

Eu já tinha a atenção dela, não podia estragar tudo dando um vacilo. Eu tinha que continuar sendo o moleque mais novo que tinha o papo bacana.

Após pensar em tudo o que podia dar errado, eu finalmente tomei coragem e saí correndo pra casa dela. Parei pouco antes da casa dela e comecei a controlar a respiração ofegante. Afinal de contas, seria ridículo aparecer suado e com cara de nervoso.
Era algo normal, não um pedido de casamento.

Força João Paulo, você consegue!

Toquei o interfone e foi ela quem atendeu:
- Oi?
- Érica?
- Eu.
- É o João Paulo, belezinha? E aí, vamos andar de patins?
- Tá bom, só espera um pouco que eu vou calçar.
- Tá!

UMA SEMANA. Eu esperei uma semana e tudo foi muito mais fácil do que eu esperava. Desde então comecei a testar minha coragem.

Próximo passo: Fazer ela me olhar com outros olhos. Nada de amiguinhos, agora tinha que ser aquela coisa de homem e mulher mesmo.

Pois é, um garoto de oito anos pensa assim...

O plano que me pareceu mais lógico - não sei por que diabos - era escrever uma carta com letras recortadas de uma revista dizendo que eu a amava.
Vê se pode uma coisa dessas...

Dessa vez foram duas semanas. Duas semanas até eu tomar coragem e deixar a bendita carta anônima na caixa de correio dela.

Então no dia eu corri. Corri impulsionado por toda aquela vontade que eu tinha de dar um beijo naqueles lábios que foram temas de tantos sonhos e que, aparentemente, me motivavam a viver. Viver só pra saber como seria o fim daquela história.

Cheguei próximo à caixa do correio abaixado para ninguém me ver. Eu tinha que colocar a carta lá na boca da caixa, mas entre a pilastra que me guardava e a caixa havia um vão de um metro e pouco.

Fui tomado por uma coragem súbita e consegui!
Coloquei a carta e saí correndo pra casa numa velocidade impressionante, pelo menos para um gordinho.

Agora eu me pergunto, se a intenção era fazer com que ela me notasse, por que eu me escondia?
Não sei, mas acredito que isso devia ter alguma lógica pra mim.
Bem, um mês se passou e eu comecei a desconfiar de que ela sabia que tinha sido eu o autor da carta. Até porque ela nunca tinha comentado comigo sobre a carta, mas as amigas dela sabiam e comentaram comigo que ela tinha um admirador secreto.

O suspense foi mantido, ninguém sabia que era eu. Talvez tenha sido essa a minha lógica na época! Ela começaria a reparar em todos ao redor até descobrir quem a olhava diferente.
Doce ilusão... Crianças são cruéis.

Logo que ela percebeu que o tal admirador poderia ser eu, ela comentou com a amiga e perguntou o que ela achava de mim. A amiga disse algo do tipo:
- Pó! Ele é legal, mas oito anos?
E caiu na gargalhada.

O pior foi ter escutado isso exatamente quando estava chegando na casa dela, preparado pra chamá-la para andar de bicicleta.
Nem preciso dizer que saí de fininho e voltei pra casa e fiquei sem ânimo pra brincar o resto do dia.

No dia seguinte eu achei melhor arriscar, ser ousado. Estufei o peito e fui chamar a Érica pra jogar vôlei.

Eu sei, muitas desculpas esfarrapadas para vê-la, porém, você há de convir que eram todas no mínimo saudáveis.

Toquei o interfone e ela apareceu na sacada, sorridente, linda...
- Vamos jogar vôlei, tá todo mundo lá na quadra!
- Tá bom, tô descendo!

Eis que surge a Wandressa, a tal vizinha gorda e idiota que me achava muito pirralho, na sacada do outro lado da rua e comenta:
- Ah não, vai brincar com os pirralhos?
A Érica ficou vermelha, abaixou a cabeça e, sem muito jeito, me falou um:
- É João Paulo, acho que eu vou ficar em casa hoje. Tá?

Completamente sem graça eu concordei e fingi que aquilo não havia me afetado de forma alguma. Peguei minha bicicleta, fiz que ia pra quadra e fui pra casa. O vôlei tinha perdido a graça.
Foi aí que eu pensei:
- Que vagabunda! Só porque eu sou mais novo? Que mundo idiota.

E assim acabou minha primeira paixão. Sem final feliz, porque não é filme, é vida.

Tiveram alguns bons momentos, mas agora eu tinha de preparar meu coração para outra mulher. Sim... A Camila!

sábado, 17 de maio de 2008

O Receio e A Mudança

E lá vai ele... Montado em seu corcel negro, envolto em sua armadura dourada a vagar cabisbaixo por um mundo que ele bem conhece.

Lutou, sangrou e se esquivou tanto que cansou. Cansou de adiar o inevitável.
Também pudera! Com uma rival daquelas era certa a sua derrota.
Nem todo o esforço do mundo é capaz de pará-la. Por mais que fique ausente por uns tempos, sempre manda seus sinais pelo ar, anunciando sua volta.

Ah a Mudança... Impiedosa com aqueles que não a aceitam, porém Deusa generosa de seus aliados.

O Receio nunca conseguiria se aliar a Ela.

Coloca seu elmo, olha pra trás pela última vez novamente e sai à procura de outro lugar para ficar. E fica à espreita... Esperando uma brecha que facilite o seu retorno.

Mas o que ele nunca reparou é que a cada retorno, uma nova barreira se levanta. Mais alta e mais forte.

E eu, que já fui coroado Rei de mim, lanço outro decreto:


Que saia daqui qualquer outro que tema a Mudança.
Saibamos usá-la a nosso favor.

E que a Prosperidade seja convidada de honra no banquete dessa noite.