terça-feira, 1 de julho de 2008

A primeira paixão ninguém esquece...

Há pouco tempo eu descobri uma nova paixão, e essa última me fez lembrar das primeiras. Assim, eu percebi que elas têm algo em comum.

Minha primeira paixão - sem ser platônica como era pela Malu Mader ou pelo belo par de pernas da Daniela Mercury - foi uma garota da rua de trás...

Loira, olhos claros, a típica garota dos sonhos de qualquer garotinho. Só que ainda tinha um “porém”, ela era quatro anos mais velha e me dava atenção!
Sabe o que é isso pra um garoto de oito anos? Eu digo que é muito significante.

Lembro quando passei uma semana inteira tomando coragem para convidá-la a patinar comigo pelo condomínio. Ia pra escola pensando nas possíveis reações dela e já pensava em como seria a minha...

*Bem, eu poderia chamar de TREAÇÃO, porque a ação causa uma reação, e já que eu não sei o nome que é usado pra denominar a ação gerada pela Reação, vai esse termo mesmo.*

É óbvio que eu tinha que preparar as minhas treações, ela era mais velha! Ah... Ela tinha doze!

Eu já tinha a atenção dela, não podia estragar tudo dando um vacilo. Eu tinha que continuar sendo o moleque mais novo que tinha o papo bacana.

Após pensar em tudo o que podia dar errado, eu finalmente tomei coragem e saí correndo pra casa dela. Parei pouco antes da casa dela e comecei a controlar a respiração ofegante. Afinal de contas, seria ridículo aparecer suado e com cara de nervoso.
Era algo normal, não um pedido de casamento.

Força João Paulo, você consegue!

Toquei o interfone e foi ela quem atendeu:
- Oi?
- Érica?
- Eu.
- É o João Paulo, belezinha? E aí, vamos andar de patins?
- Tá bom, só espera um pouco que eu vou calçar.
- Tá!

UMA SEMANA. Eu esperei uma semana e tudo foi muito mais fácil do que eu esperava. Desde então comecei a testar minha coragem.

Próximo passo: Fazer ela me olhar com outros olhos. Nada de amiguinhos, agora tinha que ser aquela coisa de homem e mulher mesmo.

Pois é, um garoto de oito anos pensa assim...

O plano que me pareceu mais lógico - não sei por que diabos - era escrever uma carta com letras recortadas de uma revista dizendo que eu a amava.
Vê se pode uma coisa dessas...

Dessa vez foram duas semanas. Duas semanas até eu tomar coragem e deixar a bendita carta anônima na caixa de correio dela.

Então no dia eu corri. Corri impulsionado por toda aquela vontade que eu tinha de dar um beijo naqueles lábios que foram temas de tantos sonhos e que, aparentemente, me motivavam a viver. Viver só pra saber como seria o fim daquela história.

Cheguei próximo à caixa do correio abaixado para ninguém me ver. Eu tinha que colocar a carta lá na boca da caixa, mas entre a pilastra que me guardava e a caixa havia um vão de um metro e pouco.

Fui tomado por uma coragem súbita e consegui!
Coloquei a carta e saí correndo pra casa numa velocidade impressionante, pelo menos para um gordinho.

Agora eu me pergunto, se a intenção era fazer com que ela me notasse, por que eu me escondia?
Não sei, mas acredito que isso devia ter alguma lógica pra mim.
Bem, um mês se passou e eu comecei a desconfiar de que ela sabia que tinha sido eu o autor da carta. Até porque ela nunca tinha comentado comigo sobre a carta, mas as amigas dela sabiam e comentaram comigo que ela tinha um admirador secreto.

O suspense foi mantido, ninguém sabia que era eu. Talvez tenha sido essa a minha lógica na época! Ela começaria a reparar em todos ao redor até descobrir quem a olhava diferente.
Doce ilusão... Crianças são cruéis.

Logo que ela percebeu que o tal admirador poderia ser eu, ela comentou com a amiga e perguntou o que ela achava de mim. A amiga disse algo do tipo:
- Pó! Ele é legal, mas oito anos?
E caiu na gargalhada.

O pior foi ter escutado isso exatamente quando estava chegando na casa dela, preparado pra chamá-la para andar de bicicleta.
Nem preciso dizer que saí de fininho e voltei pra casa e fiquei sem ânimo pra brincar o resto do dia.

No dia seguinte eu achei melhor arriscar, ser ousado. Estufei o peito e fui chamar a Érica pra jogar vôlei.

Eu sei, muitas desculpas esfarrapadas para vê-la, porém, você há de convir que eram todas no mínimo saudáveis.

Toquei o interfone e ela apareceu na sacada, sorridente, linda...
- Vamos jogar vôlei, tá todo mundo lá na quadra!
- Tá bom, tô descendo!

Eis que surge a Wandressa, a tal vizinha gorda e idiota que me achava muito pirralho, na sacada do outro lado da rua e comenta:
- Ah não, vai brincar com os pirralhos?
A Érica ficou vermelha, abaixou a cabeça e, sem muito jeito, me falou um:
- É João Paulo, acho que eu vou ficar em casa hoje. Tá?

Completamente sem graça eu concordei e fingi que aquilo não havia me afetado de forma alguma. Peguei minha bicicleta, fiz que ia pra quadra e fui pra casa. O vôlei tinha perdido a graça.
Foi aí que eu pensei:
- Que vagabunda! Só porque eu sou mais novo? Que mundo idiota.

E assim acabou minha primeira paixão. Sem final feliz, porque não é filme, é vida.

Tiveram alguns bons momentos, mas agora eu tinha de preparar meu coração para outra mulher. Sim... A Camila!

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